sábado, 22 de agosto de 2009

Sobre o amor em tempos de devassidão

O texto abaixo não foi escrito por mim, mas gostaria de tê-lo feito. Além de lindo, coerente e contemporâneo foi escrito por uma pessoa que admiro bastante, muito mais do que por sua erudição, mas mais por ser quem verdadeiramente é: um belo ser - humano, um belo coração. Sua retórica me atrai e basta para credenciá-lo a compor a escrita de hoje. Com vocês as palavras do mestre, doutor, professor, cunhado, amigo... Tiago Carvalho.

Sobre o amor em tempos de devassidão O que é ainda nestes tempos de devassidão? O homem é por natureza devasso. Não há quem não tenha passado pela devassidão, ao menos uma vez, mesmo que em pensamento. Deixemos os homens devassos de lado, quando a libertinagem é o máximo de seu alcance... São eles uma horda de pestilenta, que não só passou pela devassidão como tomou-a para si; Novos filhos da devassidão e cada dia obscurecendo e infectando a terra. Mas como então pensar no amor, nesses tempos de devassidão? O amor é como a aurora; O amor é como o desenlace do vento e seu urro longínquo que se espalha; O amor é como o não-dizer da natureza esquecida na cidade; O amor é como a perpetuação sonhada pela criança... A única perpetuação possível; O amor é como o indescritível encontro com a (o) amada (o) após o dia de trabalho; O amor é como a palavra saudade em nossa língua, uma e irresistível; O amor é como o esquecimento do norte que tem que se dar à vida; O amor é como a brecha da fresta do olho da câmera que captou o não programado; O amor é como é como a clandestinidade dos espíritos avançados no meio da massa estúpida; O amor é como o gesto da razão que ao menos uma vez cada homem tem direito; O amor é como é como a camada de ar do respiradouro na sufocação da mediocridade; O amor é como o punhado da terra nas suas oscilações e espasmos produtivos; O amor é como a chama que arde enxergando a renovação do universo; O amor é como a misericórdia da água sobre o relógio do tempo inigualável; O amor é como o olor do seio da amada e esta realimentação de vida; O amor só é possível, meu amor, nestes tempos de devassidão, se não compreendido... Se percebido nas passagens e nas paragens da vida em matéria, Sem a reificação destes nossos tempos de devassidão Que o deveriam se de acrisolamento! Reificação: considerar algo abstrato como coisa material; Acrisolamento: Apurar no crisol; depurar, purificar, acendrar: acrisolar a inteligência na reflexão.


"Os voluptuosos são carentes de companheiros de devassidão. Os interesseiros reúnem sócios. Os políticos congregam partidários. O comum dos homens ociosos mantêm relações. Os príncipes têm cortesãos. Só os virtuosos possuem amigos.” (Voltarie)

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