quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O despertar

Os dias passaram-se aos trancos e barrancos e agosto chega ao meio, quente, seco e sufocantemente abafado. Nada parece diferente, mas aquela vontade incessante de dormir até voltar a ser eu mesma sumiu; será que voltei a ser eu mesma? Sinto-me levemente feliz e aquele nó na garganta vai aos poucos dando lugar a esperança de um novo começo. Medíocre e egoistamente só consigo pensar em mim, então me surpreendo com a quantidade de vezes que tive que recomeçar, com os inúmeros remendos em minh’alma. Revivo cada atitude errada que eu tomei, me envergonho por todas as vezes que quebrei a confiança que tinham em mim. Coisas e pessoas que conquistei com muito esforço e dedicação e que perdi em poucos minutos. Observo a beleza da natureza, olho para o céu cinzento inundado pela fumaça das queimadas comum no inverno brasiliense, mas que mesmo assim não consegue esconder a sutileza do sol que agora aquece meu corpo gélido de tanta mágoa e decepção sofrida, que momentaneamente, roubou o lugar da minha alegria e da minha doçura para com os outros. Sinto falta de minha mãe, não de seu corpo físico, mas saudade de alguém que eu poderia ter sido se ela ainda estivesse aqui comigo. Percebo que sou minha mãe e minha família em muitos detalhes, mesmo que existam muitos lugares e pessoas que também são responsáveis por quem sou. É que às vezes dá um cansaço de esperar a fase ruim passar, a hora certa chegar. Difícil entender que esse ainda não é o momento, mas aí algo inexplicável acontece, graça que vem dos céus pelas mãos de Deus e vejo ir por terra as dificuldades e as possibilidades voltam a rodear meu mundo. Quero voltar a saborear a vida, enxergar as cores que o cinza das fumaças tenta esconder, quero rever o velho com novo olhar, regar as flores, que graças a Deus, insistem em florescer em meu jardim. Reformar meu íntimo, pintar com cores vibrantes e alegres as paredes da minha essência e abrir bem as portas do meu coração para acolher a todos que desejarem fazer parte de minha história.

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“Renda-se como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”. Clarisse Lispector

2 comentários:

  1. Adorei!!!! Principalmente pintas as paredes, e espero de coração que sejam cores vibrantes e alegres assim como um lindo arco-íris, que te espera. Te amoooooo. Beijos. Cris.

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  2. Nossa mocinha... vc estava espionando meus pensamentos né? rsrsrs... Descreveu muito do que eu estava sentindo... Principalmente a parte de dormir até voltar a ser eu... Ainda sinto isso de vez em quando sabia... Mas a vida continua né... Bjks!!!

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