quinta-feira, 24 de setembro de 2009

SER TIA....




Dia desses a Ana me perguntou:
- Lidi, é bom ser tia?
- É sim! É muito bom ser tia - Disse eu.
Ela nunca se satisfaz com respostas, afirmativas ou negativas que sejam, que só repetem a pergunta e continuou:
- Mas porque você acha tão bom assim ser tia?
Só consegui sorrir e lhe retribuir o beijo melecado de marshmallow sem saber lhe dar uma resposta convincente.
Ana Beatriz, que daqui há alguns anos (não muitos porque para uma garotinha de sete anos que explica com detalhes o que é mercantilismo isso deve ser tarefa fácil) ao ler esse texto você consiga ter suas respostas sobre o porquê a Lidi AMA tanto ser tia e ser mais... ser SUA TIA.


Ser tia não é ficar para titia (jargão utilizado para distinguir pessoas sem muita sorte em seus relacionamentos) embora no meu caso também seja rsrsrs...

Mas ser tia ou tio é mais que isso...


É olhar a para um novo ser que acaba de nascer e sentir que não nunca sentiremos emoção igual, mesmo que venham a nascer outros e mais outros;

É usufruir da fragilidade e da docura que só os bebês possuem;

É ser cúmplice da ingenuidade deles;

É ter a possibilidade de recriar a própria infância;

É atravessar a rua com mais cuidado;

É dirigir com prudência;

É voltar a brincar de bonecas por insistência delas;

É deixar alguém fazer loucos penteados com as mãos lambuzadas de chocolate em seus cabelos limpos;

É ir a lojas de brinquedo e querer comprar a mais sofisticada casa da Barbie;

É planejar presente especial para a Páscoa, dia das crianças e Natal;

É se preocupar com o futuro deles como se fossem nossos filhos mas saber que têm mães e pais que olham por eles;

É ser amiga de crianças com 6, 8, ou 11 anos;

É fingir que não viu o chiclete grudado no sofá e nem o milk-shake respingado no vestido branco;

É assistir A ERA DO GELO 3 no cinema com direito a pipoca, suco Kapo, guloseimas de todas as espécies e, pasmem, mexerica... (isso só na minha família);

É com o coração partido dar uma bronca e colocar cada um para um lado;

É aturar uma noite do pijama que durou 24h e reuniu 15 crianças na sala de casa;

É ir à praia e ficar na beirada porque crianças tem medo de tubarões...

É antes de tudo ser muito, muito FELIZ!!!

Quando minha irmã confirmou a gravidez eu disse a ela: “É o dedo de Deus me dando uma enorme alegria depois de tantas lágrimas derramadas esse ano”

Quando se anunciou o alto risco desta gestação meu coração se encheu de esperanças e junto uma vontade enorme de ver meu sobrinho ou minha sobrinha superar essa dificuldade... Hoje a luta é de todos nós, de minha irmã principalmente e do embriãozinho que mede menos de 1cm, mas que já nos enche de alegria e de forças.

Meu guerreiro ou minha guerreira a titia e toda família lhe espera ansiosa e se junta à sua mamãe nessa luta, você não está só!

Vamos preparar um lar harmonioso para sua chegada a esse mundo e recebê-lo com muito carinho!!!
 
 
"Já que pra ser homem tem que ter a grandeza de um menino, de um menino...
No coração de quem faz a guerra nascerá uma flor amarela como um girassol..."
(Toni Garrido)

domingo, 20 de setembro de 2009

Há nove anos!!!



Há nove anos o mundo perdeu uma grande mulher, não era nenhuma celebridade ou alguém que a mídia se interessou por ela, mas uma guerreira que lutou com uma força inigualável até seu último respiro. Naquele 20 de setembro de 2000 ela não conseguiu vencer a batalha que a família desejava, mas ganhou a vida eterna...

Terezinha

Esse era seu nome. Assim mesmo no diminutivo como a santa. Nome que representa força, luta e coragem. Nome que jamais esquecerei, que foi gravado a ferro e fogo dentro do meu coração e de todos que a conheceram. Sem dúvidas a pessoa que eu mais amei na vida.


Mulher, mãe, amiga, esposa, companheira e avó incomparável, de força interminável. Exemplo de vida para todos, foi com ela e só com ela e com seus exemplos que aprendi o que é gratidão, doação, amor ao próximo e caridade.


Ela abdicou de sua maturidade e dos possíveis benefícios de sua velhice para criar a mim e meus irmãos, após enfrentar a morte prematura da filha mais velha e no mesmo ano enterrar o marido. Lutou até o último minuto de sua existência para livrar seus filhos dos vícios e das maldades do mundo. Protegeu a quem amou. Viveu pelo outro. Muitas vezes sem conforto e sem paz, mas sempre com muita fé.


Quando a minha mãe saiu de casa para ao hospital eu ainda era muito pequena, mas no meu peito tinha a certeza de que ela nunca mais voltaria para nossa casa, mas com minha vó foi diferente. Eu tinha certeza que ela voltaria, passei a madrugada inteira na capela daquele hospital cochilando no colo do meu primo Thiago e esperando o médico dizer que poderíamos ir para casa, mas a noticia que ele trouxe foi a de que ela seria encaminhada para a UTI e pediu que eu recolhesse seus pertences. Retirei a aliança, os anéis e a medalha milagrosa de Nossa Senhora das Graças. Ela me olhou e disse assim: “Se eu não voltar desse lugar para onde estão me levando, dê esta medalha a Cristina, cuide de seu irmão, da Alicia e principalmente seja muito feliz, e diga a todos amo cada um vocês!” E enquanto eu trocava suas roupas ela foi repetindo os nomes de seus filhos, netos e genros, começou pelos mais problemáticos, por aqueles que a sociedade rejeitava e ela acolhia com toda intensidade de seu amor de mãe... "Kel, Juanildo, Marlise, Liliana, Noemi, Jacqueline, João, Thiago, Raphael, Felipe, Diego, Bruna, Jonatha, Milene, Átila, Luiz, Caroline..." e repetiu: "Dê a medalha a Cristina, cuide de seu irmão e da Alicia"... Ainda continuou falando alguns outros nomes e a enfermeira me afastou dizendo: "A partir daqui ela segue sozinha", mas quem seguiu sozinha fui eu... E sigo!


Minha querida vovó!


A falta que seu corpo físico me faz é confortada pela certeza de que estas e para sempre continuarás nas nossas vidas, como nosso guia, nossa proteção, nosso eterno Anjo da Guarda!


Por vezes ainda penso que quando eu chegar em casa você estará lá, que eu vou poder te contar as novidades do dia, que vamos rezar o terço juntas ou que vamos inventar um mexido para o jantar. Sinto saudades de tuas palavras, de tua presença forte e discreta, de tua força e de tua coragem frente às adversidades da vida, do teu jeito simples de viver, do alicerce firme e inabalável que nos apoiava e que carregava uma família inteira nas costas, mulher inquebrável!!!


Não há um só dia que eu não me lembre de algo que tenha me ensinado, me contado. Das tuas palavras de força, daquele simples abraço quando eu saia de casa, daquele pequeno beijo quando retornava, daquele brilho com que teus olhos se enchiam quando falava de mim e do que desejava para meu futuro.


Foi tu quem sempre confiou em mim, sempre se orgulhou de tudo que eu conquistava, sempre se compadecia com minhas derrotas e é por esse orgulho e a seu exemplo que hoje ganho força e coragem, como a santa, para secar as lágrimas e passar por momentos adversos, sei que nem de longe sou a mulher que você quis que eu me tornasse, mas carrego muito de ti em mim, principalmente a capacidade de amar sem limites, de perdoar, de ser justa e de rezar sempre...


Você sempre continuará em minha vida, mas hoje está junto de quem a criou e reconheço que não há palavras suficientes neste mundo para dignificar esta mulher!


Até sempre....

sábado, 19 de setembro de 2009

Vá...




Vá! Mas vá de uma vez...
Fale mal do mundo enquanto eu faço prosa
Enxergue apenas erros alheios
Tire suas próprias conclusões
Continue sendo co-dependente dos outros
Esconda-se dos outros e de si


Vá! Mas vá logo...
Invente Calúnias
Tire o corpo fora
Envolva-se com pessoas que não deveria
Passe adiante confidencias alheias
Aproveite-se do conforto emocional que lhe proporcionam


Vá! Mas vá bem depressa....
Queixe-se da vida
Insulte alguém
Faça comentários maldosos e pejorativos
Tripudie em cima do mal que criou
Ignore quem te ama


Vá! Mas vá e não olhe para trás...
Sinta prazer em condenar as pessoas
Diga a verdade somente com a intenção de magoar e não de ajudar
Tente encobrir fatos
Deixe família e amigos de verdade
Não admita os próprios erros
Brinque com os sentimentos dos outros com requintes de crueldade


Vá! Mas vá correndo...
Use as pessoas e ame as coisas
Responsabilize os outros por seus fracassos
Tire proveito das situações
Rotule atos inconsequentes como inevitáveis
Permaneça em seu mundo de mentiras.



Enquanto isso eu faço prosa... arrependida e envergonhada por ter caído no próprio engano, na própria ingenuidade, na própria credulidade...



Só quem faz sabe por que faz, por maldade, por diversão, por superiorização...

Assistam... Vá embora.... Quebre a cara!!!

sábado, 5 de setembro de 2009

Irmão (...)

Querido irmão, há sete anos quando você fez o encontro do Segue-me tive a oportunidade de lhe dizer boa parte destas palavras; ainda me lembro da Daiane e da tia Karla chorando ao ler minha carta para você. E também por isso venho torná-la pública porque ultimamente, e especialmente hoje, tenho absoluta certeza de que você é a minha melhor metade. Quando você nasceu morri de ciúmes, primeiro porque você obrigou minha mãe a ficar vários dias no hospital, eu só tinha cinco anos e naquele momento ela era tudo que eu tinha. Depois porque, de uma hora para outra, você se tornou o centro das atenções de nossa casa e ainda porque ocupou o meu lugar de caçula na família. Logo isso passou, você cresceu e meu pai passou a te chamar de campeão por querer vencer nas brincadeiras, sempre ter razão, impor regras e acabá-las quando estava cansado. Tenho muito orgulho do homem que você se tornou e tenho certeza que onde quer que esteja minha mãe e minha vó também se orgulham. Assim como nossas tias, nossa irmã e nosso pai. Embora eu nunca admita é você quem faz meus dias felizes e impulsiona minha existência. Esse ano quase te perdi de vista, por pouco não permiti que soltassemos as mãos um do outro e reconheço que minha covardia é tanta que ainda não consigo lhe pedir perdão olhando nos olhos. Essa semana ouvi de três pessoas distintas que tenho uma virtude que de tão exacerbada se torna um defeito: Só consigo ver o lado bom das pessoas! Isso me dá muita coragem e muita certeza de que minha intenção nunca foi preterir outros a você, acontece que não consegui enxergar maldade nas ações de algumas pessoas funestas que nos rodeava. Quem dera todos pudessem ter um irmão como o meu, porque ele é incomparável e imprescindível. Amo minha irmã, tenho verdadeira paixão por ela que é um ser muito especial, mas penso que se ela não existisse talvez minhas amigas saberiam bem desempenhar o papel dela, mas se não existisse o meu irmão dificilmente eu encontraria alguém que representasse tão bem o papel de pai, amigo, companheiro... Já tivemos muitos desentendimentos, graves brigas, você já me bateu eu revidei. Você já me magoou com duras palavras e eu devolvi xingamentos a altura, mas é que isso é tão natural entre irmão quanto o amor que os une. Devo reconhecer que seu coração é bem mais belo que o meu, irmão! Mesmo que as vezes seja rude, grosseiro e intolerante, você é muito mais a fim de dar o braço a torcer, muito mais disponível ao amor principalmente quando me ajuda, demonstrando que se preocupa comigo mesmo sem perceber. Você é mais corajoso que eu, é o eixo de nossa família, penso que sem você aqui, essa família tenderia ao fracasso, porque ela não sobrevive aos meus diálogos, aos meus discursos, às minhas lágrimas e sim às suas atitudes. Realizo-me com sua felicidade e com sua capacidade de superação. Não importa o rumo de nossas vidas para sempre você será meu irmãozinho caçula, com dentinhos tortos, briguento e manhoso criado com vó. Amo você!!! "Meu irmão, Faz muito tempo faz Que eu não te canto Uma canção. Que eu não te conto uma aventura, Um sonho, uma ilusão. Que eu não me sento calmamente Junto com você. O tempo passa... Meu irmão, Comigo os dias normalmente Cumprem sua função Entre sinuca, futebol, Amor e violão. Mas quando o tempo escurece, Vêm os temporais, E nem blasfêmias, crenças, preces Não ajudam mais, E a gente perde a paz... Aí eu lembro de você E essa lembrança me agiganta. Me faz vencer a dor E quando caio me levanta. Me faz conter o tempo E põe o mundo inteiro Em minhas mãos... Você meu grande herói, Mais poderoso que o inimigo. Você, constante amigo, Meu distante companheiro. Você, que o tempo inteiro Não tem medo do perigo, não!" (Composição: Toquinho) * A foto é de um 'kanji', um ideograma, que é uma representação gráfica de idéias da linguagem oriental, o nome dele é otouto e significa irmão mais novo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

“Um lugar deve existir (...) onde os sonhos extraviados vão parar.” (Chico Buarque)
Quisera eu descobrir esse lugar, exilar-me por lá e buscar meus sonhos perdidos, alguns deles erroneamente depositados nas mãos de outras pessoas. Quisera eu poder reformulá-los ou quem sabe até tirá-los do campo da abstração e viver a materialização desses almejos. Em busca do resgate desses sonhos compreendi que duas coisas nessa vida não nos pertence: O nascer e o morrer, o que nos pertence é como vivemos o intervalo entre uma coisa e outra. E que ser feliz ou não, nesse intervalo, depende essencialmente de nossas escolhas e da capacidade de harmonizar atos e vontades. E foi por uma dessas escolhas depois de algum tempo voltei a abraçar a mãe, não a minha mãe biológica, mas uma mãe que me escolheu como filha, porque me ama como tal, me acolhe como tal e me protege igualmente. Que me recebeu e quis que eu fizesse parte de sua vida, de sua família, filha também de seu esposo, irmã de seus filhos, cunhada de sua nora...
“Família é quem você escolhe pra viver Família é quem você escolhe pra você Não precisa ter conta sanguínea É preciso ter sempre um pouco mais de sintonia.” (O Rappa)
E ali havia amor, havia muito mais... havia o que há de positivo para se contabilizar na vida: Sorrisos sinceros, abraços afetuosos, sentimentos puros e sobretudo havia o resgate de um dos meus sonhos soterrados. O desejo de que aquele momento fosse para sempre possível, rotineiro, cotidiano e simples, assim como todo mundo merece que a vida seja. Família reunida para celebrar o dom da vida. Por um instante o pesadelo deu uma trégua e o sonho saído da abstração se concretizou. Não! Não descobri o lugar onde os sonhos extraviados vão parar, nem muito menos fórmula mágica para realizar desejos simples, mas pude, sem dúvida aproveitar cada segundo daquela oportunidade, guardar em minha essência cada sorriso, abraço, palavra, gesto de carinho e cada lágrima também porque não? Protegida, sim. Amada, muito mais. E tudo isso reencontrei desenterrando sonhos.. Mas eis que de repente lá estava eu sozinha de novo, humana, lamentavelmente humana, desprotegida sem saber o que fazer com o meu resto de intervalo até o morrer...