sábado, 30 de abril de 2011


Olha eu de novo pensando naquele papo de que tudo passa. De tudo tem a hora certa. De que o tempo cura tudo. Será mesmo? Já ouvi (e falei também) tantas vezes: “Fica assim não, vai passar!”. E agora eu pergunto: Tá, vai passar quando? E tal hora certa, foi por acaso expulsa da cronologia da minha existência?

Não adianta só acreditar que vai passar. Tem horas (e essa é uma delas) que se apegar a isso é muito pouco. O que queremos mesmo é saber a data certa: dia, mês, ano e hora. Que eu sou forte e aguento esse tempo chegar, disso eu sei, senão já tinha sucumbido. Mas até essa fortaleza toda se pergunta quando acaba essa angústia, essa dor que não cessa...

Eu fico aqui com a companhia da noite, o vento e o vazio que nunca será preenchido. Junto com os fantasmas que assolam e assombram aquele mundo, aquele pensamento que pede para que a hora certa breve seja.



"Dizem que o tempo ameniza
Isto é faltar com a verdade
Dor real se fortalece
Como os músculos, com a idade
É um teste no sofrimento
Mas não o debelaria
Se o tempo fosse remédio
Nenhum mal existiria!"

(Emily Dickinson)

quinta-feira, 28 de abril de 2011

" Este corpo no final será misturado com a lama. Porquê permanecer na arrogância?" (Kabir)
A Ju sempre tem uma observação sobre o meu modo de criticar as coisas e as pessoas. Ela sempre se compara a mim quando está assim, muito observadora e exigente. O Eduardo ainda nem me conhece direito e outro dia comentou sobre o meu olhar crítico, como ele mesmo definiu esses meus apontamentos sobre pessoas e situações. Hora de pensar no limite entre a diferença entre ser arrogante e ter um teor crítico apurado.
Não me considero arrogante. Hoje, num treinamento no meu trabalho, outro Eduardo falava sobre o que a gente considera e sobre o que de fato o outro pensa sobre a gente. Fiquei com medo de parecer arrogante e me assemelhar a seres esnobes que eu abomino. Difícil limite, complicada reflexão.
Pensei que talvez fosse melhor mesmo ser mediana, não faria tanta diferença nesse mundo em que quase tudo se aceita. Talvez, quem sabe se o conformismo fosse meu companheiro, as coisas não seriam mais fáceis para o meu lado?
Para quê tanta persistência, tanta indignação diante do que não se concorda? E por que não se concorda? Por que eu tenho que questionar o tempo de 2h para se realizar uma prova que merecia o dobro? Por que eu não acho normal as pessoas furarem fila ou andar no acostamento só para se livrarem do engarrafamento? Por que eu fico tão magoada com a maldade do ser humano se eu aprendi na pele que ele é ruim por natureza?
Mesmo falha, mesmo caindo e tendo que bater a poeira do corpo e seguir em frente com minhas derrotas e sabendo que sou muitas vezes injusta e ingrata não consigo achar certas coisas naturais, assim como é o envelhecer. É, envelhecer é natural, a morte é natural, vai acontecer quer queira, quer não, não dependem da nossa vontade, mas o que o homem pode modificar, geralmente ele estraga, torna pior...
E não há, por enquanto, nada que me faça mudar. Sigo por aqui admitindo minha própria precariedade, meu pouco amor próprio, meu excesso de autocrítica e de crítica alheia. Sigo reclamando das roupas que visto, das raivas que sinto, das dores e da mágoa que ainda carrego e apesar dos pesares ainda persisto.
Só peço a Deus sabedoria e humildade suficiente para não me tornar ou não parecer arrogante, soberba...