domingo, 8 de abril de 2012


Acredite eu sou alguém que tem motivos suficientes para desacreditar totalmente no coração do ser humano, mas por ser diferente, por ser única, resolvi dar uma chance a mim mesma...

Domingo de Páscoa, dia de muita reflexão sobre o sentido da data. Revivendo a dor de Cristo durante as minhas orações nesta Semana Santa relembrei que até Ele, Filho de Deus foi traído por um amigo.

Longe de passar pela dor do calvário e da crucificação vivo a dor de ter sido traída por amigos. Mais uma vez. Não é a primeira e certeza não será a última vez. Se o motivo de tantas decepções seja para que eu deixe de crer no poder das amizades, ainda não será desta vez.

Amigos queridos continuarei lhes amando incondicionalmente. Desmedidamente estarei à sua disposição. Minha casa e minha família continuarão sendo refúgio quando necessário for. Minha felicidade só será plena quando estiveres feliz também, nada muda.

Já para você que desprezou todo o carinho, todo respeito, toda dedicação que eu lhe dispensei, saiba que não me arrependo um minuto sequer de nenhum de meus gestos. Sou feita de um material diferente do teu. Sou feita de carne, osso e muito sentimento. Sou verdadeira. Só digo o que transborda meu coração. Não lhe desejo nenhum mal.  Desejo-lhe apenas que a vida, o destino, Deus, ou seja lá no que creia, que lhe devolva, até como forma de ensinamento, tudo que dispensa ao outro. Seja fidelidade, amizade, gratidão e respeito... Tudo que lhe dei, sem NADA querer em troca, apenas sua AMIZADE. Meu troco foi outro...

Sentimento difícil de lidar é esse de ser surpreendida com a ingratidão de quem você tanto se dedicou. Só peço a Deus que jamais permita que meu coração se assemelhe ao destas pessoas. Que mantenha longe das minhas capacidades a de fingir sentimentos, a de ignorar pessoas, a de tratar o outro com tamanha desimportância. 

terça-feira, 3 de abril de 2012

Sinceramente....



O Henrique saiu lá da ilha, veio de São Luís a Brasília, tomou umas seis Bohemias sentado no boteco do “Mineirão”, enquanto eu ainda estava na primeira caipirinha. Sorriu, bagunçou meu cabelos como sempre e largou na minha cara um monte de verdades. Só aí entendi o que agora parece tão óbvio. A um interlocutor desavisado o que ele disse podia até parecer grosseria, mas é por isso que esse amor e essa amizade dura tantos anos, essa sinceridade toda é o segredo do nosso sucesso.
Sempre achei que verdades desmedidas e demasiadas são algumas vezes maldosas, cruéis. E, portanto, desnecessárias. Não que eu goste ou pratique mentiras, mas dizer o que pensa tem consequências e algumas vezes quem diz não vê tais consequências como prejudiciais, já quem ouve sente o peso da opinião alheia como um inquisidor.  Mas o Henrique sabe falar verdades e sabe fazer isso com um cuidado despretensioso que não me fere, não me deixa com a sensação de que faltou sentimento ou de que ele poderia ter feito ou dito diferente. Ele diz o que pensa, mas sabe o que precisa ser dito e o momento certo. Entre nós não há jogos de adivinhações; em um determinado momento da nossa história resolvemos que era melhor saber o que o outro pensava e sentia do que deduzir, mas isso não foi decidido contratualmente, foi sendo acordado à medida que a gente se conhecia e percebia que isso era bom, era saudável para a nossa amizade e não machucava nenhum dos dois. Que bom seria se as pessoas aprendessem a ser verdadeiras na medida exata, sem usar o que acredita ser certo ou verdadeiro como forma de se vingar do outro.
Ouvir o que ele pensa sobre mim e sobre o que eu sinto me exigiu maturidade e humildade suficiente para abrir mão do afago verbal que eu sempre dispensei a ele às outras pessoas.  A diferença, a sutil diferença, entre o que o Henrique me diz e o que uma simples pessoa franca diria, além do bom senso é que ele não julga meu caráter, não me constrange e não me ofende.  Ele me traz à lucidez, me mostra a realidade como ela é, mas sem destruir meus sonhos, minhas crenças e meus desejos.
Precisando desabafar disse a ele que me envolvi com uma pessoa e que agora eu inevitavelmente sofria. E ele citou um provérbio que atribuiu a autoria aos árabes, mas no fundo eu acho que ele inventou aquilo na hora, só pra não ter a dureza de uma reprimenda. Disse: “Cabeçudinha, já diziam os árabes e você ainda não entendeu? Que num relacionamento sempre que está por cima é quem se envolve menos? E que você será sempre quem estará por baixo, por causa dessa sua entrega desmedida ao outro?” Eu podia simplesmente ignorar aquele recado e seguir adiante, como tantas vezes já fiz, mas preferi concordar. E refletir... Será essa minha dedicação ao outro sufocante ou insuficiente? Fundamental ou insuportável? Saudável ou doentio? Eternizado em meus gestos ou efêmero como o momento?  E me disse ainda: “Lidi, da próxima vez que alguém disser a você que é preciso viver o momento, que antes fique claro qual é o momento de cada um. Na maioria das vezes vocês estarão em ‘times’ tão distintos que o próximo momento pode demorar ou nunca existir.”
Enfim... obrigada pelas verdades destiladas com tanto carinho e cuidado. Serão válidas para SEMPRE!