domingo, 20 de setembro de 2009

Há nove anos!!!



Há nove anos o mundo perdeu uma grande mulher, não era nenhuma celebridade ou alguém que a mídia se interessou por ela, mas uma guerreira que lutou com uma força inigualável até seu último respiro. Naquele 20 de setembro de 2000 ela não conseguiu vencer a batalha que a família desejava, mas ganhou a vida eterna...

Terezinha

Esse era seu nome. Assim mesmo no diminutivo como a santa. Nome que representa força, luta e coragem. Nome que jamais esquecerei, que foi gravado a ferro e fogo dentro do meu coração e de todos que a conheceram. Sem dúvidas a pessoa que eu mais amei na vida.


Mulher, mãe, amiga, esposa, companheira e avó incomparável, de força interminável. Exemplo de vida para todos, foi com ela e só com ela e com seus exemplos que aprendi o que é gratidão, doação, amor ao próximo e caridade.


Ela abdicou de sua maturidade e dos possíveis benefícios de sua velhice para criar a mim e meus irmãos, após enfrentar a morte prematura da filha mais velha e no mesmo ano enterrar o marido. Lutou até o último minuto de sua existência para livrar seus filhos dos vícios e das maldades do mundo. Protegeu a quem amou. Viveu pelo outro. Muitas vezes sem conforto e sem paz, mas sempre com muita fé.


Quando a minha mãe saiu de casa para ao hospital eu ainda era muito pequena, mas no meu peito tinha a certeza de que ela nunca mais voltaria para nossa casa, mas com minha vó foi diferente. Eu tinha certeza que ela voltaria, passei a madrugada inteira na capela daquele hospital cochilando no colo do meu primo Thiago e esperando o médico dizer que poderíamos ir para casa, mas a noticia que ele trouxe foi a de que ela seria encaminhada para a UTI e pediu que eu recolhesse seus pertences. Retirei a aliança, os anéis e a medalha milagrosa de Nossa Senhora das Graças. Ela me olhou e disse assim: “Se eu não voltar desse lugar para onde estão me levando, dê esta medalha a Cristina, cuide de seu irmão, da Alicia e principalmente seja muito feliz, e diga a todos amo cada um vocês!” E enquanto eu trocava suas roupas ela foi repetindo os nomes de seus filhos, netos e genros, começou pelos mais problemáticos, por aqueles que a sociedade rejeitava e ela acolhia com toda intensidade de seu amor de mãe... "Kel, Juanildo, Marlise, Liliana, Noemi, Jacqueline, João, Thiago, Raphael, Felipe, Diego, Bruna, Jonatha, Milene, Átila, Luiz, Caroline..." e repetiu: "Dê a medalha a Cristina, cuide de seu irmão e da Alicia"... Ainda continuou falando alguns outros nomes e a enfermeira me afastou dizendo: "A partir daqui ela segue sozinha", mas quem seguiu sozinha fui eu... E sigo!


Minha querida vovó!


A falta que seu corpo físico me faz é confortada pela certeza de que estas e para sempre continuarás nas nossas vidas, como nosso guia, nossa proteção, nosso eterno Anjo da Guarda!


Por vezes ainda penso que quando eu chegar em casa você estará lá, que eu vou poder te contar as novidades do dia, que vamos rezar o terço juntas ou que vamos inventar um mexido para o jantar. Sinto saudades de tuas palavras, de tua presença forte e discreta, de tua força e de tua coragem frente às adversidades da vida, do teu jeito simples de viver, do alicerce firme e inabalável que nos apoiava e que carregava uma família inteira nas costas, mulher inquebrável!!!


Não há um só dia que eu não me lembre de algo que tenha me ensinado, me contado. Das tuas palavras de força, daquele simples abraço quando eu saia de casa, daquele pequeno beijo quando retornava, daquele brilho com que teus olhos se enchiam quando falava de mim e do que desejava para meu futuro.


Foi tu quem sempre confiou em mim, sempre se orgulhou de tudo que eu conquistava, sempre se compadecia com minhas derrotas e é por esse orgulho e a seu exemplo que hoje ganho força e coragem, como a santa, para secar as lágrimas e passar por momentos adversos, sei que nem de longe sou a mulher que você quis que eu me tornasse, mas carrego muito de ti em mim, principalmente a capacidade de amar sem limites, de perdoar, de ser justa e de rezar sempre...


Você sempre continuará em minha vida, mas hoje está junto de quem a criou e reconheço que não há palavras suficientes neste mundo para dignificar esta mulher!


Até sempre....

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