terça-feira, 9 de novembro de 2010


Você sabe amar? Eu não sei! Muito difícil aceitar as pessoas assim como elas são e muito menos do que eu desejo que elas sejam. Achei que amava, mas percebi que não, pois entendo que o amor perdoa, lança fora mágoas e apaga as cicatrizes gravadas no coração ferido e aquilo que eu sentia não foi suficiente para fazer isso acontecer.

O bem da verdade, acho que sei amar na mesma medida que sei tantas outras coisas, como por exemplo, política, quando na verdade tudo que tenho são algumas opiniões sem muita fundamentação ideológica que por vezes não seguem muito bem um parâmetro de coerência. Sei que sou de esquerda e defendo o socialismo, mas do jeito que as coisas estão, difícil apontar o que é esquerda e o que não é, ou então dissociar o capitalismo de todos os outros “ismos”. Digo que gosto de boa música e aí se encaixa um pouquinho de tudo. Mas música boa é puro gosto pessoal e por aí vai com um monte de outros assuntos que acho que sei, que domino e no final das contas, sei bem pouco ou conheço quase nada. E assim é com o amor.

Não sei amar e não sei se alguém sabe, mas acho que sim. Tem gente que realmente parece saber o que fazer, onde colocar as mãos, o que dizer e quanto tempo esperar, em que momento calar, eu não sei nada disso. Todo mundo que conheço tem uma ou duas ou mil histórias de corações partidos e dor imensurável. Por essas e outras acredito que seja impossível que minha alma gêmea vá aparecer justamente na minha vida. Ou que ela tenha nascido em algum lugar próximo a mim, ou que trabalhe no mesmo lugar que eu, que tenha mais ou menos a mesma idade, os gostos parecidos, que fale a mesma língua, que seja do sexo oposto... Não, não dá! Teria que ser muita coincidência!

Por mais contraditório que possa parecer eu sinto tanto amor... Por tudo! Não por uma determinada pessoa e nem por uma coisa particular, mas é transbordante. É um amor destrambelhado e sem medidas, que segue torto e atropelando tudo, quebrando tudo, deixando dívidas, dando enormes dores de cabeça, mesmo com todos esses estragos, será que ainda assim é amor?

Esse amor que sinto pode ser resumido em um velhinho tocando sanfona no semáforo. Ou então em uma criança gordinha chorando pelo sorvete que caiu no chão. Ou naquele momento em que as pessoas se tornam únicas. Poderia ser um sorriso. Um cão preso à coleira. O terço no túmulo dos meus avôs... Tanta coisa que transmite e traduz esse amor.

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